domingo, 19 de outubro de 2008

Finais felizes: qual a razão?

Hoje fui ao cinema ver uma comédia romântica super idiota (Amigos, Amigos, Mulheres à Parte). No filme, o cara que era um verdadeiro imbecil, acaba percebendo os erros que cometeu, vira uma pessoa melhor e termina ficando com a garota “perfeita”. Então eu penso: "- Porquê insistem em fazer finais felizes? Apenas para vender?" Ainda mais quando esses finais felizes nem sempre condizem com a nossa realidade, já que nossas condições sociais nos inibem de fazer algumas coisas. Pobres não podem fazer tudo que querem e nem ricos podem fazer tudo aquilo que desejam. A sociedade sempre nos cobra posições a serem preenchidas e esperam que devemos cumpri-las da melhor forma possível.

Para ser sincero, não gosto muito de finais felizes, gosto de finais possíveis - sejam eles bons ou ruins. Até porquê, não acho que a vida de ninguém tenha apenas um final. Vejo a vida como um certo festival de cinema (sim eu sei, isso é um tanto idiota, mas me deixe explicar...), pois cada fase de nossa vida há uma história acontecendo. Essas histórias acabam, algumas merecem uma continuidade outras não, mas o fato é que: passamos por todos os tipos de experiências (as vezes), e não é sempre que escolhemos o que queremos enfrentar.

Então porquê fazer filmes com finais ilusórios? Se for com finalidade de encorajar as pessoas a enfrentarem situações difíceis, tudo bem, mas se for para fazer as pessoas sonharem com o que não condiz com sua realidade, insistir em um erro e deixar de construir sua vida, isso é uma tremenda falta de caráter.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Antes do Amanhecer (Romance)

Desilusões amorosas. É inevitável que essas dolorosas experiências não preencham alguns momentos de nossas vidas, assim como quando se é criança e não suportar a dor e o transtorno de uma experiência nova que é a de perder um simples dente de leite. Não sei você, mas eu me senti bem desesperado quando vi aquele grande fluxo de sangue saindo e um buraco na frente do meu sorriso, achei que ficaria daquele jeito para sempre, que nem o homem do saco. Mas voltando ao assunto “desilusões amorosas”, sempre que me deparo com isso, em primeiro instante eu penso que não nasci pro amor, que nunca vou encontrar alguém que goste realmente de mim, blá, blá, blá. Mas logo depois que toda a tormenta passa, eu penso numa teoria que tenho “- O mundo certamente é bem maior do que os números indicam e muito maior do que imaginamos. Será que entre milhões, biliões, triliões de pessoas não exista uma se quer que seja minha 'alma gêmea'? Que eu a satisfaça e que ela me complete? Não aqui, na minha cidade, no meu estado, país ou continente, mas em algum lugar do mundo…

E foi exatamente essa minha teoria que eu vi no roteiro do filme “Antes do Amanhecer”. A sinopse é a seguinte: um americano, em seu último dia de viagem na Europa, conhece uma francesa em um trem. Após um gostoso papo no interior da locomotiva, a jovem Celine aceita um convite para passear com Jesse (esse é o nome do americano) por Viena e faze-lo companhia no dia que o separa do retorno aos EUA. Durante as andanças do casal, eles acabam por descobrir no outro o amor de suas vidas, mas eles só têm menos de 24 horas para ficarem juntos. O que lhes resta então é apenas aproveitar este dia (e esta noite), como se fosse o último de suas vidas.

Se após ler esta sinopse você chegar a conclusão “Nossa, que coisa boba, é só uma história de amor à primeira vista”, você estará coberto de razão. Antes do Amanhecer não é nenhuma história cult sobre uma relação conturbada de um casal em meio do caos de nossa sociedade, definitivamente não. Mas posso definir o filme em uma só palavra: simplicidade. A simplicidade é tratada como uma paixão entre dois jovens. Porém é aquela paixão em que você vê que não há um bom futuro longe da pessoa amada.
Me lembrei agora de uma frase que um certo amigo meu sempre costuma dizer: “- Aprecio muito as coisas simples da vida”, e ele não sabe (ou sabe) o quanto está certo em dizer isso. Do que adianta se preocupar tanto com o que vou construir na Terra se nem sei como construir quem de fato sou? E tenha certeza que são através daqueles pequenos momentos importantes em nossa vida que descobrimos grandes sentidos pessoas e existenciais...

Bem, retomando ao filme e me prendendo a fatores mais técnicos, posso dizer que a direção, o script e a química que acontece com os atores e com o espectador do filme são impecáveis. O diretor consegue dar a devida importância aos personagens, fazendo-os únicos no filme todo. A relação intima em que Celine e Jesse tem um com o outro e o envolvimento de ambos com o cenário extremamente propicio a um romance, faz com que o espectador se sinta de fato alí, junto a eles, e segurando a tão desagradável “vela” de um encontro.

Na cena da despedida dos dois, posso dizer que senti um certo “vazio”, o fato de saber que a pessoa que te completa está tomando um rumo completamente diferente do seu, e que possivelmente você nunca mais se sentirá tão feliz outra vez é estranho, bastante estranho.

Antes do Amanhecer com certeza é uma história de amor indispensável. Um clássico, eu diria. Por mais que você pense “- Que bobo. Que coisa melosa”, quem nunca se sentiu sensibilizado com uma outra pessoa, com um verdadeiro amor, que jogue a primeira pedra.

Referência:
LINKLATER, Richard. Antes do Amanhecer (Before Sunrise). Romance. EUA: Columbia Pictures Corporation / Castle Rock Entertainment, 1995, DVD, 105 minutos, colorido.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Bonequinha de Luxo (Clássico/Drama)

À primeira vista, Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s) pode aparentar, aos desavisados, apenas um filme que trata de glamour e bom-gosto, mas não. Claro que assistir a essa obra e não notar toda a elegância que Audrey Hepburn empresta a sua personagem, é algo inevitável.

Considero Bonequinha de Luxo um dos melhores filme já feitos pelo homem. O filme é dono de uma sutileza inconfundível, que mostra perfeitamente todo o charme exalante na antiga Hollywood dos anos 60. Com uma ótima produção, excelentes atuações, uma trilha sonora bastante agradável e com uma direção que conseguiu atingir a perfeição, e transformar esse filme em uma obra inesquecível à quem assiste.

O filme trata de um romance urbano, onde conta a história de Holly Golightly (Audrey Hepburn) e Paul Varjak/Fred (George Peppard). Holly é uma garota que sai do interior e parte para a cidade de Nova York em busca de pertencer a alta sociedade nova-iorquina, ter um marido rico, uma vida confortável e jóias da Tiffany’s, porém, ao chegar na cidade, Holly acaba se tornando informante de um poderoso chefão da máfia, e se torna acompanhante (garota de programa) de alguns dos homens mais influentes de N.Y., para poder pagar suas contas e com a esperança de conhecer alguém que a inclua na sociedade.
Um certo dia, Holly conhece seu novo vizinho, o escritor Paul Varjak - o qual ela apelida carinhosamente de Fred. Paul se encontra nas mesmas circunstâncias de Holly, ele é amante de uma mulher casada e bastante rica, e é sustentado por ela. Os dois desenvolvem uma forte amizade, e logo nascem laços amorosos entre os dois, no entanto, Holly não quer se envolver, já que por ele ser pobre não teria nada a oferecê-la. Porém, entre várias catástrofes que acontecem na vida de Holly, e muito de seus planos não dão certo, Paul larga sua vida estável em busca de quem realmente ama, em busca do verdadeiro sentido de sua vida. Alguns fatores contribuem para que o casal não fique junto, mas no final tudo se resolve, ambos largam o materialismo e a vida fácil, para construírem juntos os seus sonhos.
Blake Edwards, o diretor, consegue suavizar e romantizar toda uma situação caótica que é bastante presente na nossa sociedade, não somente na dec. de 60 mas hoje em dia também, que é o oportunismo e a prostituição. Em momento algum do filme deixa no ar a vulgaridade e a ideia de que os personagens se utilizam de atividades volúpias para sobreviver.
Também ressalto no filme a trilha sonora, em especial a música Moon River - uma música suave, única e romântica - que rendeu dois Oscars ao filme.

Segue abaixo, um vídeo com o trailer do filme.


Referência:
EDWARDS, Blake. Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s). Clássico/Drama/Romance. EUA: Paramount Pictures, longa-metragem, 1961, 115 minutos, colorido.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma Breve Apresentação!

Primeiramente, prazer, me chamo Stênio de Silva. Sou estudante de Publicidade & Propaganda, e tenho o cinema na minha vida não como um certo clichê que muitos insistem em chamar de hobby, para mim o cinema tem um significado muito maior que apenas o prazer de assistir a um filme e consecutivamente rir, chorar, assustar-se, sentir indignação, identificar-se, etc. O cinema tem o poder de arquivar, por meio de histórias, todas as características de cada época em que o filme é produzido, características essas que revelam desde seus momentos históricos, seus conflitos sociais, suas evoluções tecnológicas, suas culturas populares (música, literatura, moda, arte, tendências em uma forma geral), e passadas com diferentes linguagens, linguagens essas que variam de uma visão de um diretor para o outro, de um país para o outro, de uma época para a outra. Cada qual tem uma maneira especifica de fazer um filme: trabalhando diferentes ângulos das imagens, lapidando o roteiro e passando-o como ele (diretor) o vê, trabalhando as emoções como lhe convêm.

A proposta inicial do blog 07° Arte é trazer obras do cinema - de vários gêneros, de varias épocas e de vários países - e avalia-los, dando mais preferência àqueles filmes que são pouco divulgados, que por uma lástima são esquecidos nas prateleiras das video-locadoras.
Desde já, aviso que toda indicação é bem-vinda. Sendo assim, aproveite e sinta-se no seu profile :D
Abraços, Stênio de Silva.